Citrino
- Álvaro Figueiró
- 29 de dez. de 2023
- 11 min de leitura
Atualizado: 29 de dez. de 2023

No plástico-globo, só duas velharias – as pedras e o meu nome, Álvaro, mais velho que as pedras. Era natural que eu, que colecionava tudo, sentisse afinidade pelas pedras.
As pedras tinham afinidade com mais coisa minha, mais minha que o nome: o gosto, antes o amor, melhor logo dizer a ânsia por beleza. As pedras eram jeitos outros, menos moles, das flores, do fogo, das borboletas, dos arcos-íris, das estrelas. O pai do cientista-maluco era o esteta.
Foi ali por 1989 que eu a vi. É manhã e continua sendo. Difícil é saber quanto abrir a pálpebra. Porque, afinal, tudo ainda. Sala-de-estar, casa dos avós maternos, Seropédica. Sobre a mesa rasa de jacarandá, o álbum de figurinhas Amor Perfeito. Na outra mesinha, de tampo de vidro grosso, a água estrangulada pelas raízes dos singônios (a voga das aquáticas, antes da epidemia matedeira de dengue hemorrágica em 1990). Sentada num sofá estampado bege, melindrosa que gastou a piteira, minha pálida tia Sandra, ainda mais esquisita que esquizo, conversa com seu amigo, em pé perto da tevê desligada, Euclides, colega de agronomia na Rural, magrelo, óculos, trejeitos e vozinha. Euclides é o primeiro quem, dum jeito ou outro, fico sabendo ser viado. Logo morrerá de aids. Antes do Cazuza. Menos que susto de cruzar com pegadas do bicho-papão, Euclides será sempre dropes – me deu um de embalagem preta, ressoo entre Euclides e eucalipto.
Mas isso não é o que realmente vi (embora continue lembrando, o lugar de cada coisa; difícil é coar o sentido). O que realmente vi foi ela, sobre a mesa de jacarandá, perto do cinzeiro, sempre cheio – ela, a ametista, uma drusa de ametista. Era como se alguém rabiscasse a carga toda da mais roxa esferográfica roxa até cacos chuparem cor, esmagasse violetas dentro do vidro. Como quase tudo, nunca tinha visto aquilo. Os balõezinhos roxos eram tão lisos, tão pontudos, tão certinhos que pensei lapidados, ainda mais brotando assim da base pedra pedra, casco de jabuti afogado. A drusa mal enchia mão, mas era vasta, sol nos alevinos, luz nas alamandas, tardinha pela porta de vidro, pisca-pisca de areal, pupa quase borboleta, poeira levantada pelo fusca azul do sorveteiro na descida meridiana do dique, Voyager 2 sobrevoando Netuno, todos rabiscos esferográficos roxos do mundo, manhã-janela-cortina-vaso-água-raízes-água-vaso em mira, fora, em mira, fora, em. Por muito olhar ou por muito pedir, tia Sandra acabou me dando a ametista. Ou talvez embolsei e pronto, foi na roça, perdeu a carroça. Seja como for. Está comigo até hoje. E, em maior mão, a drusa de ametista continua vasta. Beleza.
Na Antigüidade, os deuses, imortais socialaites, se presenteavam intrigas e ametistas. Na Idade Média, os bicheiros da época gostavam de estrondar – e assim até hoje os anéis episcopais se amostram com ametista. Tinha ametistona o cetro de Catarina.
Na velha pedreira de Queimados, rente ao chão, com pá, pelo matagal, dentro do riachinho, nos barrancos, entre dente-de-leões, entre dormideiras, nos torrões da horta, no caminho sob os eucaliptos-dropes-de-euclides, caçava rochas. Eram comuns feldspatos, rosas tímidos, alguns mais descarados, e quartzos, sempre brancos e foscos; ágatas, de vez em nunca. Comuns mesmo, o esperado, eram os granitos. (Esmeraldas, teria muito $, mania pelo X e nome estranho com E.) Bem bobos em si, dos granitos queria as lâminas de mica. Com cuidado estabanado, reverso de colar figurinhas, destacava a mica – élitros muitos, besourões alguns, larvas raras. A remoção, inclusive no prazer, se assemelhava a arrancar, bem devagarinho, casquinha de machucado, recheio de biscoito, cobertura de Prestígio, Serenata de Amor e Goiabinha. E, embora o sítio em volta da velha pedreira comportasse cem mil metros quadrados, suficiente para principado com seu GP de Mônaco, por mais tempo que procurasse, milênios até os vaga-lumes, talvez nunca mesmo encontrasse ali aquelas pedras que os filmes compartilhavam em lampejos de tesouros e os anúncios em lustres de jóias: rubis, diamantes, safiras, esmeraldas. Esmeraldas, esmeraldas – esmeralda mais cobiçada sobre todas, esmeralda preciosa até no nome. {Granito, feldspato, quartzo, ágata, biotita, muscovita} e o ∅ de tantas outras pedras. Admisespero.
Ametista sim numa das primeiras entre muitas descobertas chovidas-no-molhado. Na curiosidade estripadora – rádios, cômodos, narizes, bichos, machucados –, estava brincando de arremessar um quartzo contra a eira de cimento. Álv’ro mole em pedra dura. O quartzo enfim arregou, admitiu que eu era mais teimoso e se partiu. Abra-te, sésamo! Reconheci bocó o miolo roxo, roxo roxão ∴ As ametistas se escondiam dentro dos quartzos, o que explicava então →
a) aquela faixa esbranquiçada embaixo da drusa 🗸
e b) os balõezinhos tão lisos como bolação do lapidador. o⁄
A ametista concorria em chiqueza com a esmeralda. Só ficava atrás do diamante. Aí no século XIX, rolou enxurro roxo. Donde? Na sua única política séria, consistente e eficaz de distribuição de renda, o Brasil democratizou a ametista ao mundo. Aqui, criança quebrando pedra à espera do Papa-léguas encontra ametista. Hoje a ametista vive relegada à vizinhança dos incensos de cecê nas lojas esotéricas. Compra-se um quilo de ametistas roladas a menos de quatrocentos mangos, quase o mesmo preço do quilo do tomate. O Brasil, que é cheio de ferro, é cheio de ametista.
Me alibabando, cresce o gabinete de curiosidades. Alguém me dá uma ágata diferente, cor de caquinho de calçada suburbana. Agora esta sodalita, que imita os azulejos dum banheiro na casa dos meus avós maternos. Meus pais me compram uma água-marinha bruta – é prima-pobre da esmeralda, que, hoje sei, mora no Leblon, Rua Garcia d’Ávila, N.º 113, 8º andar. Esmeralda é berilo; ametista, quartzo; a Rússia, a União Soviética; a Inglaterra, o Reino Unido. Essas coisas esquisitas como água é água, gelo e vapor. Ametista = ∈ ⊂ quartzo? Fácil é responder com chapinha e barbante. Quando terei uma esmeralda? Duas: bruta e lapidada. Três: jóia também. A drusa de ametista aqui, linda aqui, tão roxa roxa que vou fingir que é a esmeralda roxa. Conto espetos os balõezinhos. Encaro, roxa roxa. Olho muito pras coisas, ainda mais as coisas que mexem coa luz. Ametista. Mas tanta pedra. E esmeralda. Esmeralda é esmeralda. Esmeralda ∉ A = {monte de pedra}. ∉ Ainda! Ametista ao menos ∈ A.
Subi picos, desci minas, corri selvas, varei chapadas atrás de pedras em revistas e livros didáticos. Viajei mapas esquemáticos dos muitos livros de geografia, que minha mãe lecionava em dobradinha. Granito é uma rocha ígnea. O Bendegó está no Museu Nacional. O maior depósito de ouro está em Fort Knox (a canetinha Questron apita aplauso). No Rio Grande do Sul, tem muito ▄▄ basalto, que é preto pretão, mas dá solos roxos roxinhos. Bronze é uma liga de cobre e estanho (200 réis, 1888, Imperio do Brazil com Z, efígie de Dão Pedro II, meu tio marinheiro Fernando comprou nesse lugar alibabado que deve ser a tal da Praça Quinze). Carvão, grafite e diamante é tudo a mesma coisa C como água, gelo e vapor H2O que você separa por eletrólise, placa de zinco Zn e de cobre Cu hihihihi. Joãozinho, atrasado prà aula de soletrar, foi pular a cerca de arame-farpado e espetou o bumbum... Cu é menos estranho que Au. Ag, K, Ph, Pb, W (50 W de W?). Hg é o ornitorrinco da tabela periódica. Quem será a pirambóia? O núcleo da Terra é NiFe e a crosta SiAl porque, quando o planeta era todo lava, os metais pesadões foram afundando, afundando. Depois veio a Pangéia, o país dos dinossauros. No Brasil não tem ░░░ solo podzólico, seja lá o que for este treco. No Pará, tem um monte de ♦ jazida de bauxita (o franco de 1946 é tão engraçado, leve levinho ← II Guerra?). O Brasil é também o vice-reino das esmeraldas, só atrás da Colômbia, mas esmeralda nunca achei, nunca tive, nunca peguei. Tesouros, no mais mentais, enchendo o Museu Fort Knox Nacional. O mundo é ordenável. Isso também é beleza.
Parte das leituras no Skylab, éons de chatura, tedioceno. Com sete, oito anos, pouco há pra se fazer no bar. Além de filar refri, salgado, doce e flíper (“Tão comendo meu lucro!” chiava meu pai), filava também os professores da Rural ou mesmo qualquer cachaceiro cujos conhecimentos técnico-científicos suprissem minha curiosa curiosidade infanto-pentêlhica. O agrônomo, cedo ou tarde, teria de me explicar ou, ao menos, fingir explicar por que minhas dionéias e minhas violetas morriam tão rápido ou por que não conseguia cultivar liquen em caixinha de fósforo ou como o nitrogênio podia ser adubo se era um gás ou por que as sementes de maçã que eu plantava não vingavam ou se a história de contar anéis no toco para saber idade da árvore era verdade, se tinha no Brasil alguma árvore tão grande como a sequóia e............... As principais vítimas eram o Foca e o Moretti.
Foca, meteorologista, era gordão, bonachão, barbudo, espalhafatoso, naipe de bicheiro e vestia camisa de viscose, em suma uma foca. Do fundo do bar, lá perto da escada pro depósito, eu sabia quando o Foca chegava. Como não dá para colecionar nuvens e vento, Foca, além de respostas, acabou extorquido em moedas velhas.
O geólogo Moretti terra][ar com o meteorologista: filé-de-borboleta dáiete, fala mansa e lenta, pára-brisa oftalmológico, bigodaça castanha de Ned Flanders, rugas cansadas. Igual só, costura de horizonte, era a camisa de viscose, mas então, primórdios da roca, o único pano feito na Terra era viscose. Esse professor frágil e discreto, abstêmio pelo que lembro, jeitão mais próximo a cientista que pinguço, uma raridade por aquelas paragens, sofria o inquérito habitual, entre goles de Mineirinho e Grapette, Coca-cola quando meu pai estava mais mão-aberta, sobre por que o ouro nunca podia ser puro, se a terra roxa era roxa mesmo, se o ouro-dos-tolos é tão parecido assim mesmo com o ouro verdadeiro, por que o alumínio era metal e tão leve, por que no Brasil não tem trecos maneiros como vulcão e gêiser, se o terremoto na Falha de San Andrés vai tacar a Califórnia no mar, como lapidavam o diamante que é a coisa mais dura que tem, ..............., se é verdade que na África tem muito diamante porque os elefantes pisoteiam os carvões embaixo da terra e................ Seja por pedagogia ou por paz, Moretti me presenteou um monte de rochas e minerais, tudo explicadinho, de brinde, num papel.
Com a doação foi bastante expandida e enfim se profissionalizou a Seção Geológica, Museu Meia-água, Instituto de Pesquisas Álvaro, sucedâneo do Clubinho de Ciências Santos-Dumont. Agora tinha calcita, a pesadona barita, pirita (ouro-de-tolos), turmalina, hematita, quartzo cristalino, quartzo rosa, magnetita (um balãozinho dentro de caixinha de fósforo), apatita além de amostras de solos em vidrinhos (um rico em calcário, outro dum lindo roxo basáltico). Só continuavam me faltando rubis, safiras, diamantes e, tristura, esmeraldas. Da minha avó materna catei uma caixa de jogo de chá, azul-marinho-escuríssimo, forrada de cetim azul-calcinha-claríssimo, para acomodar a coleção. A caixa tinha um fecho metálico. Carregava pra cimabaixo.
Neste mundo escrotonésio fidaputa bagari, há gestos que só soam piegas. Ainda assim, quando abro a caixa (já sem fecho de tanto abre-fecha cimabaixo), leio a folhinha e olho para as pedras, fico tentado a etiquetar o gesto de Moretti entre os sem pieguice. Um ou dois anos após o mimo mineral, Moretti morreu. A magreza e fragilidade já deviam ser magreza e fragilidade cubada pela doença – e a doença era de dividir por zero ou, sei lá, por infinito, enfim essas contas fodidas que enguiçam a álgebra. A doença era aids. Lembro de explicações desencontradas pelo meu pai, nenhuma mente clara: ora Moretti seria guei, ora hemofílico, talvez hemofílico guei. Vez ou outra, meu pai, nada interessado em gente que não fosse jogador de futebol (e só no gramado), estranhamente perguntava se me lembrava do Moretti.
– Claro, né?!... – suspeita de suspiro, tanta coisa que é difícil explicar, entre elas até onde vai a memória.
O interesse por pedras é que achava normalzão entre crianças e grandes, tanto que gostava de mostrar as coleções para amigos e colegas, na verdade qualquer um. (As moedas ficavam numa caixa metálica de biscoito com decalque floral na tampa; os selos, num álbum de fotografia.) Dificilmente causavam interesse, mas sempre tinha um espírito-de-porco que malocava alguma peça e não queria ou, pior, fingia que não queria devolver. Paspalhão, pipocava perante piti e pânico. Essa foi uma das minhas primeiras experiências de compartilhamento com os fascinantes terráqueos. Se você é um escrotonésio fidaputa bagarai aos oito, mais velho... Quem roubava no bafo-bafo, veja só, virou PM... As pedras são mais nobres, belas e sábias que as gentes. Mas, de certa forma, elas também são gentes – além de flores, borboletas etcétera... Me adianto...
O Brasil, que é cheio de ferro, é cheio de ametista. Quartzo é comum, é o mineral mais comum. Quase toda a areia é quartzo, vidro moído. A crosta terrestre está cheiinha de quartzo, porque é como se um átomo peso-pena de silício pegasse dois balões de oxigênio. Silício é 28% da massa da crosta da badalhoca terrestre, o segundo elemento mais enjoativo atrás somente desse gás produtor de angústia, o oxigênio. Esses dois cedo ou tarde vão se agarrar no fervo do inferninho Magma. Se no caminho arrastam pra trisal outro elemento químico, a luz se vidra no cristal, o transparente se tinge. Um tiquinho de titânio deixa o quartzo rosa. Brasil tem muito ferro. O barranco é vermelho vermelhão porque o solo enferrujou. Um tiquinho de ferro deixa o quartzo roxo. Ametista.
Conforme, ao menos cronologicamente, saía da infância, minguava minha devoção às coleções – digo, coleções do que se põe em caixas, latas e álbuns. Ao revés, crescia o interesse por arte. Cineasta ou astrofísico? Escritor ou paleontólogo? Mas cinema da astrofísica, paleontologia da escrita, o romance duma sonda interplanetária. Eu e o Universo, a meiúca não importa. Ora e vez, voltava às musas – às caixas, às latas, aos álbuns, por mais que esmeraldas, selos do Papai Noel e dobrões de ouro ∉ A: desordem na ordem na desordem da ordem da desordem da ordem do mundo e arte deve ser isso é ciência é dever-ser arte. A drusa de ametista é o sistema cristalino trigonal de SO2(Fe3+) visível. Dentro da drusa de ametista, um montão de frases por libertar, nenhuma delas trivial, nenhum euteamopensamentopositivocomcrisesecrescehastalavictoriasiempreosenhorémeupastor. “Ineluctable modality of the visible”.
E agora me estou fazendo homem (trem de madrugada, estágio, portas lógicas, todo dia ficou difícil). (Se tivesse uma filha, seria muita riporongagem chamá-la de Ametista?)
A drusa de ametista é o sistema cristalino trigonal de SO2(Fe3+) visível.
E agora sou homem-feito (só por fora). (Se tivesse uma filha Ametista, ¿olhos verde-anime da mãe, verde-gato do meu irmão, verde-cinza do meu avô? Esmeraldas comuns. Cor-de-ametista? Quem tem olho ametista?)
A drusa de ametista é o sistema cristalino trigonal de SO2(Fe3+) visível.
E agora sou homem-feito mesmo (um cadinho mais por dentro: carteira, contas, cachaça). (Se tivesse tido uma filha Ametista, quão vazio o ∅?)
Alguns anos atrás então. Antes do nódulo na tireóide, antes da calvície, antes de labirintite, antes da bursite, antes das dores no joelho, antes do refluxo, antes da flacidez, antes desta morte já fisicamente sentida – ainda assim, ainda assim o corpo enguiça muito depois da mente –, antes disso tudo percebi algo estranho, algo errado, algo podre. Não em mim – na ametista. Ela parecia bichada. Era como se um verme noiado tivesse brocado uma e outra das pirâmides, um buraquinho escuro na diafaneidade roxa roxa. “Limits of the diaphane.” Em inspeção mais míope, não era bem um túnel, uma cárie, um furo, uma cova, mas um pontinho, só um pontinho, um pinguinho, um pontinho-pinguinho dentro da pedra. Tampouco preto, mas acastanhado, marrom-ferrugem. E outro pontinho aqui. E o outro pinguinho ali. E mais outro, outro e outro. Outro. E outro... Dentro da pedra.
Como sempre, demorei, mas entendi. Então aconteceu. De certa forma, as pedras também não.
A crosta terrestre está cheiinha de quartzo, porque é como se um átomo de silício pegasse dois balõezinhos de oxigênio. Dentro da ametista, o ferro, só um tiquinho, tinge o transparente. Centenas de milhões de anos, o magma resfriou devagar em balãozinho, pirâmide, sistema cristalino trigonal. Centenas de milhões de anos, a rocha conservou o roxo. Centenas de milhões de anos – nossa falsa intimidade com o tempo. A mixaria do milênio é ... ... ... tem... ... ... po ... ... ... ... ... ... pra ... ... ... ca... ... ... ... ... ... ra... ... ... lho. Centenas de milhões de anos. Dentro da ametista, o ferro tinge o transparente. Dentro da ametista, a luz solar enferruja o roxo. No pinguinho-pontinho da mente, numa fatia de pontinho-pinguinho disto aqui ó, o roxo desbota, o roxo desb, ro
Quando o ferro se oxida dentro do cristal, sob a terra, o quartzo vira o citrino. Citrino natural é raro. A maior parte dos citrinos são forjados em petricídios dolosos, ametistas ao forno. Destruir a ametista em citrino a 400 ºC. O sol só suja a ametista. Melanoma de pedra. a fajutice dum citrino fajuto. O sol só suja a ametista, a luz do dia numa meia vida, cada dia mais e mais. A ametista é quartzo que é citrino que é ametista. Esta minha drusa é sempre quartzo não sendo a mesma ametista não sendo nunca citrino.
1989 ... ... 2017.
Luz demais, treva demais. Vida. Quartzo, ametista, esmeralda, citrino. Ferro, aço, ferrugem. Balãozinho, pirâmide, sistema cristalino trigonal SO2(Fe3+), cárie.
Anos transformando-se noutra coisa nunca de todo transformada. Menos radiante, talvez ainda bela.
Talvez.
T a l v e z
Enfim... Trevaluz demais
Beleza sumindo, fosca Luztreva demais demais demais
Sei lá
Acho que não, né?
Ametistaesmeraldaametistaesmeraldaesmeraldaesmeraldamicaquartzocitrinoametistaferrugemferrugem
Não mesmo...
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