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7♦ 7♦ 7♦ 7♦ 7♦ 7♦ ⋯ 7♦

  • Foto do escritor: Álvaro Figueiró
    Álvaro Figueiró
  • 30 de jul.
  • 12 min de leitura

Atualizado: 30 de jul.

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¿É o Edifício Maletta uma abreviada Galeria do Roque belzontina? Além dos bares, que aqui tem em tudo quanto é esquina de átomo, há uma ou outra loja de vinis e, mais ainda, a mocidade roqueirinha passeia as cabeleiras pretas, as camisas pretas, as bermudas〃, os All Stars〃(meia opcionalmente 〃) e o Angst colorido. Comecei a ir ao Maletta por dois motivos: fica de cara à minha estalagem alterosa e tem uma hamburgueria vegana (só quero mal à cardiologia e ao próximo). Logo garimpei um terceiro motivo. Ao lado dum casal de sebos, no extremo do corredor, sob letreiro encardido uma lojinha escura, as vitrines aquarela de treva e cor, arco-íris cinéreo, morgue da ala pediátrica. Convidativo. Entrei.

Flores plásticas, cubos-mágicos, baralhos.

A lâmpada fluorescente movida a vaga-lume raquítico apagou o coroa sentado lendo bem na entrada.

– Bom dia.

– Bom dia. Só tou olhando.

– Olhar é bom. Olhar é de graça.

Modo Leaving Las Vegas, não estou mais tão pão-duro. Ademais, tem um monte de traquitana que deve ser baratinha (nada tem preço à vista). Quando vou perguntar por livros, o coroa se levanta:

– Tsc, já está aqui, deixa eu te mostrar uma coisa. Esse é fácil. Até criança faz.

Ele vai para a transbalcânia e, daí, desaparece atrás de estantes. Como eu, ele também pratica a chapelaria indors: panamá, boné. A barba, rala, basta para branquejar a cara, oftalmologizada. A íris é dum castanho aguado. Os incisivos inferiores amarelados e meio tortos. O trago turbam tufos. Um cheiro de poeira se espoja.

Sob o vidro do balcão, examino artigos pegadinhescos: um cubo de gelo com uma mosca, baratas, máquinas peidorreiras, pós-de-mico, peidos-alemães, caixas com molas que disparam cobras. Um dos mais vistosos exemplares é um disco de látex não maior que um mindinho – Camisinha de Rato. Me pergunto se o hand buzzer mal-que-nem-um-pica-pau ainda existe. Alguns, porém, estão ali: o cigarro explosivo e o frango de borracha. As embalagens são rudes; os tons, brabos. Me lembram os produtos que via, 1992, no Mercadão de Madureira. Muitas estão desbotadas pelo sol – por mais que ali não entre o sol.

O coroa volta com um estojinho cilíndrico vermelho e dois dados.

– Pegue esses dados. Veja se você acha que eles têm algo de errado.

Pego os dados. Rolo os dados na palma. Rolo os dados na mesa. Não acho que eles têm algo de errado.

– Taca os dois dados no copinho.

Taco os dois dados no copinho.

⚅ ⚅

Sorte sempre quando não vale nada. Minha vida.

O coroa tampa o copinho, dá umas pancadinhas na tampa, futuca na tampa, sacoleja o copinho.

– Agora fale um número entre dois e doze.

– Hum... Sete.

Gosto do 7. Quem não gosta do 7?

– Você disse sete. Deixa eu pensar um pouco.

O coroa põe a mão no queixo, olha o teto, olha o chão, olha o teto e responde, entre assertivo e hesitante:

– ...Cinco...!

O coroa destampa o copinho. Tá lá: ⚂ ⚁

– Vamos tentar de novo.

– Vamos.

⚄ ⚅

Sigo os movimentos do coroa com mais atenção. Ele tampa o copinho. Dá umas pancadinhas na tampa. Futuca na tampa. Sacoleja o copinho.

– Qual número você acha que deu?

– Hum... Hum... – hesito tendo já gasto o sete e tentando recordar a disposição dos números. – Três.

– Você disse três, né? Bem, você tacou onze e falou três, três mais cinco mais seis vezes trezentos e cinqüenta e seis mil dividido por sete, vai dois, pela raiz quadrada da velocidade da luz dividida pela distância da Terra à Lua e hoje é sexta menos um é cinco.  Acho que vai dar cinco,  e . Veja se deu cinco.

⚃ ⚀

 – Esse aqui exige um pouco mais de perícia.

Ele tira duas palhetas amarelas dum pacotinho vermelho. Uma tem uma cartola tio-patinheira; a outra, um coelhinho jovem-guarda.

– Está vendo as cartolas? Olha as cartolas

De ambos os lados da palheta, a mesma cartola tio-patinheira. Ele põe a palheta sob o pacotinho.

– Agora essa daqui tem o coelhinho. Está vendo o coelhinho? Olha o coelhinho. Outro coelhinho.

De ambos os lados da palheta, o mesmo coelhinho jovem-guarda.

– Abre a mão assim. Fecha. Segura firme a palheta. Isso.

 Sobre o meu punho cerrado, o coroa faz um passe:

– Peguei o coelhinho. Agora vou pô-lo aqui, ó.

O coroa pulveriza o alacazanato pirlimpimpínico sobre o pacotinho.

– Abre a mão.

O coelhinho sumiu! ⛧⛧⛧ SATÃ SEQÜESTROU O COELHINHO! ⛧⛧⛧

– O coelhinho agora tá aqui.

Debaixo do pacotinho, sem nenhum sinal de violência, com ambas as orelhas intactas. reaparece o mesmo coelhinho jovem-guarda, agora dentro da cartola tio-patinhesca.

Rio que nem criança.

O coroa transforma um baralho inteirinho no 7♦ que acabei de tirar.

Rio que nem criança.

O coroa, sacudindo um saleiro grasnador, faz três cordas coloridas amarradas virarem um só fio contínuo.

Rio que nem criança.

O coroa pega uma bolinha cor-de-vinho.

– Você se lembra o que é mitose?

– Sim. Comecei por aí.

O coroa aperta a bolinha que, sem mudar de tamanho, se duplica.

– Escolhe uma bolinha e fecha a mão.

A bolinha é de espuma.

O mágico dá um tapinha na minha mão, aperta de novo a bolinha que, de novo sem mudar de tamanho, de novo se duplica.

– Abre a mão.

⛧⛧⛧ AVE, SATANA! ⛧⛧⛧ A bolinha sumiu!

Rio que nem criança.

– Os adultos também riem dos truques ou só sou eu mesmo bobo-alegre?

– O que é o adulto senão uma criança grande? – filosofa.

– Isso. Uma criança que paga imposto de renda e dirige bêbado na contramão.

(Pondero que, além de eu não saber dirigir, não se pode dizer que bilionário paga imposto de renda.)

Conto minhas tentativas infantis de repetir mágicas lidas no Manual do Escoteiro Mirim e num álbum da Elma Chips. Balões que explodiam todos juntos, moedas que não sumiam, lápis que não levitavam, fósforos que não saltavam. Até o reles lápis de borracha sofria com a minha lesidigitação. Felizmente nunca tentei nada com coelhos e pombos. Só o sangue-do-diabo funcionava pois a perícia estava toda nas mãos dos átomos.

– Qual o nome desse tipo de... hum... artigos? – pergunto varejando o balcão. – Pegadinhas?

– É, pegadinhas. Chascos y bromas em espanhol. Em inglês, tricks and pranks – poliglotiza.

Peço por livros. O mágico volta para os fundos da loja. Agora chegamos ao estrato siluriano.

– Onde a minha mulher pôs? – pergunta-se numa voz a 519 quilômetros de profundidade.

 Após alguns minutos de apnéia, o mágico volta com algumas brochuras, em português, inglês, espanhol, e uns fragmentos de conodonte.

– Peguei as coisas pra iniciante. Não tem muita coisa, não. Tenho de ver com a minha mulher onde ela pôs o resto. Ela é que costuma ficar na loja. Só venho sexta.

Vai destrunfando os livros sobre o balcão:

– Prestidigitação, mentalismo, mágicas-de-salão, cartomagia...

Uma delas por J. Peixoto, Tratado Completo de Prestigitação e Ilusionismo.

– Ah! Esse é do tempo que a Bíblia tava no rascunho.

Me decido por alguns livros do período posterior ao sacrifício humano e pelos truques dos dados, das palhetas e das cordas. O truque se compra em venda-casada com a explicação. O mágico dobra e desdobra minha munheca, guia e solta meus dedos. Repito, rerrepito. Me enrolo no das palhetas, me estrepo no das cordas. Só me safo no dos dados, quase todo mecânico, quase livre de prestigitação. O que mais impressiona não é a solução óbvia/obscura de todos; é o repertório de engabelação, até no reles truque dos dados. O mágico adverte não só sobre a forma de abrir a caixinha para que o público não suspeite trapaça, mas também sobre como lidar com engenheiros e outros sabichões numéricos ou como driblar quando o trouxa acerta o número vindouro. Tem muita psicologia. Há infinitas formas de ser feito de otário, mas jamais faça o mesmo truque duas vezes seguidas. Se o truque mixar, admita o erro e passe para outro.

– Olha, eu zanzo pra tudo quanto é canto do Rio desde adolescente. Nunca vi uma loja de mágica. Isso é uma coisa daqui de Belo Horizonte?

– Sempre teve poucas, hoje menos. No Rio, tinha uma do Leonir, um português. Em São Paulo, a do Ortega. Esse tipo de loja precisa ter o cara que saiba fazer os truques e as rotinas.

Depois se corrige. No Rio, eram três lojas. Pelo não visto, tinham o condão da invisibilidade.

O Castelo das Mágicas funciona desde 1981, ano da placa e da primeira demão de fuligem. Quem mais freqüenta a loja são profissionais liberais, gente que precisa de conexões rápidas, varinha quebra-gelo. Não tem nada melhor pros negócios que ser ludibriado e gozado de cara, vaselinato de abracucabra. Há usos menos sacanas. Um pediatra transforma o abaixa-língua em flores para torturar em paz a criançada. Meu vaga-lume brilha. Se nas licenciaturas tirassem uma das Pedagogias para pôr Introdução à Mágica, quanto não ganharia a educação brasileira! Imagine serrar em dois aquela mariazinha ou simplesmente fazer sumir aquele joãzinho – e o melhor: o número não teria de dar certo.

Num canto, às costas, cato cartaz com uma figura jovem, barba cerrada, tudo em duro preto-e-branco de xérox salvo por uma berrante rosa vermelha na lapela do esmôuquim. Me pergunto se é referência ao Don Corleone.

– Então o teu nome artístico é Kellys, hã?...

– Isso aí. Kellys.

Lembro a tradição de os mágicos macaquearem nomes. Houdini < Houdin

– Não tinha um mágico americano famoso de começos do século XX Kelly?

– Não. Era Kellar. Na última página do gibizinho do Mandrake tinha uma seção com truques de mágica por um tal de Kellys. Tirei o nome daí.

Pelo visto, Kellys mirim não sofria em oscilar o lápis. De tragédia infantil, só uma tia sabotadora que puxou o cabelo que marcava a bolinha no truque dos copinhos.

– Tu prefere ser chamado pelo nome artístico ou civil?

– Kellys. Meu nome verdadeiro só têm o banco e a polícia.

O sotaque me soa, numa conta rápido, 62% mineiro-mineirim, 28% mineiro-triangular, 23% nordestino (sendo 15% cearense), 19% mineiro-pururuca, 3% gaúcho (às vezes articula o l final).

– Tu é daqui de Minas?

– Olha, sou de Nagóia para o oeste. Já estive em tudo quanto é lugar.

– Eu também. Já apareci num ponto de ônibus na Abolição.

Kellys ainda faz xous de mágica, sobretudo para empresas, mas, pelo que entendi, se dedica mais às conferências e à presidência da saborosamente nomeada Sombra, a Sociedade Mágica do Brasil. (Conforme nosso bacharelismo, acabo de descobrir que entre as associações existe uma Academia Mineira de Ilusionismo.) Falou inclusive sobre a vindoura participação no congresso internacional dos mágicos na Itália, organizado pela Fism, a Fifa da magia (Fédération Internationale des Sociétés Magiques).[1]

– Quando dou palestra na conferência dos mágicos, falo dos meus erros e do que não fazer. O que fazer tem milhões de formas. Não tem classe mais unida que os mágicos, sabia? Se tiver mil mágicos numa sala e você perguntar quem é o melhor todos vão dar a mesma resposta: “eu!”

Errar Kellys erra, alívio em saber estar eu fora da ação dos perigosos ⛧fenômenos parnormais⛧ (bem, talvez ele esteja mesmo só atrasando a folha de pagamento dos demônios, diabretes e elementais). ⑥ Quando puxo uma carta e digo 12 (não tão bom quanto 7, mas bom), a Q♥ não aparece na 12ª posição do baralho

– Ué?!.. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze... Treze... Esqueci de tirar uma carta do baralho.

Peço o telefone de Kellys. O número, à caneta Bic tremelique, fica colado numa coluna.

– O telefone parece número de puta, mas não é.

– O teu nome artístico também não ajuda.

Ele tem um cartão bem mais formal e muito útil para emergências. Provavelmente poucas putas teriam um igual:

 

Important Phone Numbers

of the world

 

JOE BIDEN                                                        010 1 202-456-1414

President, U.S.A., Washington

ELIZABETH II                                                  071 930-4832

Queen of England, London

FRANCISCO                                                      010 396-6982

Pope, Vatican

VLADIMIR PUTIN                                            010 7 095-295-9051

President, Russia

KELLYS – MÁGICO                                          Tel.: (31) 3454-3138

Rua da Bahia, 1.148, sl. 26                                  (31) 99995-5565

B. Hte – MG                                                        Fax: (31) 3454-2058

 

Olho os truques, as pegadinhas, os caixotes de fundos falsos, os papéis-flexes. Alguns trazem etiquetas em inglês, outras em espanhol. A maior, porém, está em português. Alguns vêm em caixas e poderiam ser achadas nas lojas de brinquedo convencionais; a maioria, não. Esses artigos, a começar pela embalagem, já disse, não parecem, afinal, nenhum protótipo de ponta da indústria aeroespacial. Há algo de fundo-de-quintal e aquele quintal com varal e bananeira mais um vira-lata preso na corrente tentando esticar a língua para a lata de querosene com água suja.

– E esses produtos? Donde vêm?

Kellys responde que compra umas coisas aqui e ali, mas que também tem uma fabriqueta em Matosinhos com um torno horizontal e outro de repuxo. Funcionário é ele mesmo mais um fulano que, vez ou outra, colabora. A filha seria boa de desenho e a responsável pelas ilustrações (refreei minha opinião sobre a Escola de Desaine Industrial Mercadão de Madureira). Para certas coisas, cata moldes na internete. Chegou a fabricar 10.000 caixinhas dos dados para a Esso, talvez a se distribuir em postos, mas nunca viu. Não teve formação artesanal com marceneiro ou o que fosse, mas que, como qualquer criança do seu tempo-do-ronca, fazia os próprios brinquedos e destruía rádios. Kellys tem 72 anos. Parte fabrica para vender ali, parte fabrica por encomenda a amadores. De exemplo, tem esse pastor evangélico que lhe pediu para montar uma caneta mentalista – é um truque eletrônico pelo qual o mágico advinha a cor com que o trouxa, digo, cobaia, digo, participante pintou uma peça de roupa num quadro. Se tiver mana suficiente, em vez de cantar, o mágico veste a cor escolhida. No celular, Kellys me mostra o molde do desenho enviado pelo pastor: parece um boneco do Zelda Super Nintendo. Apesar disso, o pastor pretendia reproduzir o truque como uma altissonante “armadura de Deus” (⛧⛧⛧ Ef., 6:10-16 ⛧⛧⛧). Acho que, tivesse mesmo metade do cinismo dos meus oito anos, eu não poderia evitar a questão:

  – Tem gente que usa a mágica pra vigarice? Tou pensando aqui naquele manjado jogo do vermelhinho.

Kelly nega, mas não convence. Vagabundo levitou viga da Perimetral. E Escadinha deixou Houdini no chinelo. Ademais, a história do ilusionismo abunda em charlatães, impostores, vigaristas, loroteiros, farsantes, mistificadores, médiuns. A mesma ilusão serve para divertir e achacar. Conforme a vitrina, ciência e tecnologia trampolinam pro sobrenatural – graus variados de patifaria lúdica, Pinetti, Katterfelto, Cagliostro, Méliès...  Boa parte dos golpes e contos-do-vigário operam pelo medo e esperança do que não é. Até o punguista não deixa de ser mágico. A própria centralidade dos números de cartas aponta a genealogia trapaceira.

– Não vejo a molecada mais no carteado. Como tu faz pra eles identificarem os naipes?

– Tem baralhos de criança. E, quando vou começar a apresentação, digo assim: “Vamos todo mundo pegar o celular e segurar bem no alto. Agora vamos pôr o celular no modo avião.” E elas ficam quietas quarenta e cinco minutos. Isso sim é mágica.

Não exatamente o perguntado, mas, na hora, nem me apercebi.

– E hoje com a galera tendo acesso fácil pela internete sobre como fazer os truques?... O pessoal está mais cínico?

– Oitenta por cento é o ator, só vinte por cento é o truque.

 – O que tu acha do Penn & Teller? – pergunto, notando que usei a concordância nominal do Sandy & Júnior.

Espero longa digressão sobre mágica, humor e política, o clichê ou a originalidade do duo gordo-e-magro, o desvio da unha vermelha de Penn, o mutismo de Teller, o domínio do ilusionismo para desmascarar charlatanice. Mas Kellys se limita um breve comentário sobre o programa Fool Us. Mágico deve ser como historiador: todo colega é rival.

Segundo Kellys, haveria volta dos truques mecânicos em detrimento dos eletrônicos. A geringonça, prova-o qualquer patente Rube Goldberg, encanta mais que a caixa-preta do circuito integrado. Num mundo onde a tecnologia realiza maravilhas que ninguém mais entende de todo, os métodos mais simples – a mola, o elástico, o fio – parecem os mais misteriosos. Talvez daí o pouco apelo da escapologia aparatosa. O público quer ser iludido com os truques mais bobos, na cara.

– Tem desvios de atenção que só funcionam perto ou longe?

– A ordem dos tratores não afeta o viaduto.

Apesar disso, o único truque que entendi por conta própria foi um que talvez só funfasse de longe, o da sacola vazia donde saíam inúmeros cubos. Minha vista não é nenhum Hubble e, ainda assim, percebeu que a face superior dos cubos não era perfeitamente plana. Raciocinando à ré, os cubos ficavam achatados atrás duma fenda na sacola e abriam-se por força de mola. Segundo Kellys, as crianças são mais difíceis de enganar que os adultos, pois tendem a cagar para as instruções. Ao contrário do dito popular, todo mundo que já tentou sabe, não tem nada fácil em arrancar doce de criança – a começar pelo problema de não deixar digitais.

Quero saber se ainda se criam truques novos.

– Não, não. Tudo é variação. São só cinco princípios básicos da prestidigitação.

Como bom mágico, ele não esclarece os tais cinco princípios básicos.

Despeço-me de Kellys. Tenho de ir ao Museu do Brinquedo. Prometo voltar. (Já fui e voltei e tu não viu.)

Se Kellys, da barroca lojinha, realmente deu a volta ao mundo, se palestra em congressos internacionais, se tem a fabriqueta em Matosinhos, se a Esso sumiu com seus dez mil copinhos de dados mágicos, se é de Lugar Nenhum, não sei. O importante é o truque

 

⛧ ⛧ ⛧ ⛧ ⛧ ⛧ ⛧


Há uma biografia de Kellys por, conforme ele diz, uma jornalista que, magicamente, tem o mesmo incomum nome da própria filha... Sangue, Suor e Magia por Kênia Carvalho.



[1] Contudo, ao futucar sobre a Copa do Mundo Sinsalabim, descobri que o último dia do evento em Turim tinha sido o seguinte à nossa primeira conversa...

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