Minhas Férias
- Álvaro Figueiró
- 1 de nov. de 2024
- 4 min de leitura

Todo ano eu vou na praia. Ou à praia. O fato é que eu vou lá todo ano. De todos os lugares do mundo, a praia é o lugar que fica mais perto do mar. Uma coisa muito curiosa é que, sai ano, entra ano, o mar continua salgado. O mar é uma coisa que mineiro não devia ver. Nem suburbano. Mas veem. E vemos. O telejornal (ou, como minha vó da roça diz, o “repórter”) diz que mineiro e suburbano são campeões em afogamento, que não deixa de ser um tipo de natação para baixo. A água tem essa característica. Quando demais, ela molha por fora, mas seca por dentro. O mar é basicamente água, então é muito importante falar sobre ela.
A Terra, o nosso querido planeta, tem 21% de terra (onde respiramos), 78% de água (oceanos, mares, lagos, rios, piscinas, banheiras, criadouros de dengue) e 1% etc. (areia movediça, lamaçais, lava, colchões de ar, piscina de bolinha, etc. etc. etc... em suma).
A água é muito importante. Sem ela não teríamos a piscina, o piscineiro e os afogados. Em diversos filmes (antigos, reprise, dublagem feita na lata e barbante), o mocinho salva a mocinha de se afogar. Sem a água, isso não seria possível (ou, pelo menos, muito mais difícil). E o melhor lugar do mundo para se afogar é o mar.
Além de salgado, o mar também é famoso por suas ondas. Existem diversos vários tipos de onda. Hão dois tipos principais. O principal mesmo de verdade é a onda que o mar vira praia. Dependendo, esse tipo principal de onda serve para levar caixote*, pegar jacaré, surfar surfe e destruir a humanidade litorânea. O outro tipo principal menos importante de onda é a onda que o mar continua mar. Também tem um montão de tipos. A mais famosa é aquele uuuuuu (← como esse) onde bóiam os navios dos desenhos animados. No mar real, a letra de fôrma não é tão bonita. Outra onda lembra cama dormida. Tem a onda que lembra um monte de planária na hora do râche, tem a onda que lembra um globo-de-ouro** planisfério entre etc., etc., etc... Tem também outra onda que nem quando a gente rabisca o lápis (ou a lapiseira ou o giz de cera) em cima de uma moeda (ou duas moedas). Isso, claro, é modo de dizer, metamorfose, porque todas as ondas se mexem, umas mais, outras menos. Em resumo, tem muitos vários tipos de onda no mar.
** Vide Os Embalos de Sábado à Noite, passou terça retrasada no Festival de Férias.
* Meu primo Vivi fala “tomar caldo” ao invés de “levar caixote”. Ele está errado. Ele mora na roça junto com as vacas e as galinhas.
Falando em vaca e galinha, aliás, pode não parecer à primeira vista, mas o mar tem muitos animais, bem mais que a piscina. A grande maioria deles, na maior parte quase toda, é peixe. E os que não são peixe fingem que são. (Obs.: EXSSCEXSCÇÕES: camarão, polvo, lula-dorê, pepino-do-mar, abobrinha-do-mar e outros frutos-do-mar, comestíveis ou não.) Peixe ou não peixe, a maioria quase toda prefere ficar debaixo d’água. Meu animal marinho, isto é, do mar, favorito em sentido geral é o tubarão-branco. É favorito no sentido geral do mesmo jeito que a gente tem um carro favorito (Bugatti Atlantic Type 57 SC), um jogador de futebol favorito (Hagi, Dener, Preud’homme, Romário, Tostão, Sierra, Euller, Carlos Germano, Bergkamp, Ruud Gullit, Cruyff, Van der Sar, Beckenbauer (que jogou a sêmi contra a Itália na Copa de 70 (o “Jogo do Século”) com a clavícula destroncada e foi capitão no bi da Alemanha em 74 se bem que era a Holanda (a “Laranja Mecânica” de Rinus Michels) que merecia ganhar), Mauro Galvão, Sucker, Zinho (BRINCADEIRINHA!!!) e Stoichkov)*, um golpe de luta (voadora) ou uma arma favorita (AK-47), tanto que o tubarão-branco é meu animal marinho favorito só quando estou fora d’água. Meu animal marinho favorito comestível é o peixe do McFish (que o nome eu não sei).
* Gerson, Marcelinho Carioca, George Best, Petkovic (que devia ser escalado para a Seleção). Pelé não conta.
Esqueci de falar uma outra coisa sobre a água. Na água, o pum se vê, mas não tem cheiro. No ar, é justamente o contrário. Essa é outra característica legal da água. A água do mar não é tão boa de beber que nem a água da bica, que também não é nenhuma Coca-Cola. A melhor água de beber é a da borracha. A melhor água de tomar banho é a do mar mesmo se bem que a da borracha também é bem boa. A água é como o espaço sideral só que molhado. A água do mar é mais espacial que a dita água “doce”. Nunca fui ao espaço, no espaço, lá (o espaço), mas já vi nos filmes, claro, né? Se o espaço é a fronteira final (como diz aquele seriado do passado onde os homens do futuro usam laicra), então o mar é/foi a fronteira inicial. E assim, como diria minha mãe, vamos encerrar o assunto água.
Obs.: Bastante gente usa o mar como lixão e valão. Isso é muito, muito errado demais. Existem vários inúmeros ecossistemas mais apropriados e feios para receber nosso lixo e nosso cocô.
As crianças e os adultos usam a praia e o mar de maneira diferente. As crianças ficam tomando banho de mar ou brincando na areia. Os adultos ficam mais na areia olhando um ao outro. Quando começa chover, mesmo só chuvisquinho, os adultos saem correndo para pegar tudo e ir embora com medo de se molhar. Isso é o tipo de situação que na Grécia Antiga chamavam de paradoxo (uma idéia embolada monga).
Na volta para casa, a praia e o mar vêm junto com nosco. A praia vem na areia dentro do rego e do ouvido, fora buracos e frestas menos arenosas. Mas essas duas são as que principalmente importam mais. O mar vem na cama (ou sofá ou chão) que fica balançando de um lado para o outro que nem rabo de vaca. Isso quando você é novo. Conforme se vai crescendo, a labirintite e a cachaça anulam essa “zonzeira” “do bem”.
Enfim em resumo, para concluir e encerrar de vez, o mar fica perto da praia (e vice-versa), é feito de água (principalmente), é salgado (sempre), tem ondas (mais que a piscina), tem animais (idem) e forma a principal parte do nosso querido planeta Terra, que deveria se chamar Água e talvez seria não fosse aquela música cafona e brega do Guilherme Arantes.
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