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A Rússia e a Geopolítica do Amigo-da-onça

  • Foto do escritor: Álvaro Figueiró
    Álvaro Figueiró
  • 24 de fev. de 2022
  • 11 min de leitura

Atualizado: 9 de mar. de 2022


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Certa vez um hobbesiano radical concluiu que a única forma de garantir a própria vida era matando todo o mundo. O neurótico nunca se acha seguro.

A Rússia nunca se achou segura. Talvez não haja nação no mundo – exceto pelas nanicas e tampões – tão consciente da geopolítica. Há séculos, a Rússia amealhou território colossal, mas sem fronteiras naturais nem recursos econômicos e demográficos condizentes. Esse perigo foi ampliado pelo grosso aquário duma sociedade imersa em autoilusões, autoritarismo, conspiracionismo e desinformação. À guisa do hobbesiano radical, a única forma de garantir as fronteiras é não ter fronteira nenhuma: conquistar o mundo. Se conquistar o mundo jamais esteve na cabeça dos líderes russos, serve-lhes algo como a regra (furada) de Mackinder: “Who rules East Europe commands the Heartland; who rules the Heartland commands the World-Island; who rules the World-Island commands the World.”[1]

A Rússia sofreu invasões – as mais dramáticas, a mongólica, a napoleônica e a nazista –, mas, por outro lado, liderenças tsaristas, soviéticas e agora putinistas, sempre, quando possível, atacaram os vizinhos mais fracos a fim de afastar as fronteiras do núcleo vital, a planície a oeste dos Urais. A história russa cronica agressões contínuas contra os vizinhos e não apenas pura expansão naquilo que o direito público internacional cinicamente classifica como terra nullius. E mesmo assim, sequer em meados da década de 1950, no ápice do poderio geopolítico, com uma China ainda bem alinhada, os russos sentiram-se seguros.

No século XVII, os tsares começaram a atacar a Polônia-Lituânia e a Suécia para obter saída marítima no Báltico, aonde, inclusive, transferiram a capital em 1703. Logo em seguida a segurança russa passou a depender dos “mares quentes”e foi paulada nos muçulmanos, caucasianos e otomanos até as praias do Mar Negro. Em 1783, a península criméia foi conquistada. Por essa época, a Polônia-Lituânia ia sendo abocanhada, afinal se não fossem os russos seriam os austríacos ou os prussianos – o trio glutão decidiu organizar um piquinique e serviram-na em três generosas rodadas. Na rebordosa napoleônica, os Romanov arrebataram dos suecos a Finlândia. Geórgia e Armênia, cristãs, com medo da opressão otomana submeteram-se como protetorados russos no começo do XIX. O trêbado Império Otomano oferecia um banquete territorial: outra vez, a Rússia não podia deixar arriscar ver avanços austríacos. Quem sabe não reconquistavam Constantinopla para a cristandade ortodoxa? Das estepes da Ásia Central, donde saíram hordas mongóis, é melhor subjugar antes que parta de lá outro Gêngis Cã ou, pior ainda, avanços ingleses desda Índia. No Extremo Oriente, a China podia aprontar alguma, nunca se sabe, então em 1858 vamos anexar a zona ao norte do Rio Amur. Em 1903, prestes a se concluir a Ferrovia Trans-siberiana, entre o alto escalão burocrático russo circulavam expectativas de abocanhar grandes nacos do moribundo império Qing.[2] Em 1898, dentro do território chinês, surgira uma cidade ferroviária que para todos os efeitos era um enclave russo, Harbin. Parece que não só tomaram muita ciência do Japão, que em 1905 propiciou a primeira perda territorial significativa em séculos de expansionismo – exceto pelo Alasca, vendido em 1867. De Varsóvia até Vladivostok tinha pelo meio caminho uns nativos perdidos, mas, como se sabe, essa coisa de matar e dominar aborígine é coisa do laudo mau da Europa – terra nullius. No pega-pra-capar da Revolução Russa, alguns povos escaparam da “prisão das nações” (como o império dos Romanov era conhecido). Muitos foram recapturados pouco depois em começos dos anos 1920 ou na Segunda Guerra Mundial, ali na curva. Antes de disparar um tiro sequer contra os nazistas, ainda em plena vigência do Pacto de Molotov-Ribbentrop, a União Soviética engoliu os Estados bálticos, a Carélia finlandesa, metade da Polônia, a Bessarábia romena, palitado os dentes com as florestas da Bucóvina. Após o churrascão marcial, de sobremesa saboreou Königsberg alemã e as Curilas japonesas; de cafezinho, teve toda a Europa Oriental a seu dispor e ainda pleonasticamente finlandizou a Finlândia. Para não devolver o que afanou em 1939, os russos empurraram a Polônia para oeste compensando-a com territórios historicamente alemães. A Mãe Rússia, que no fim das contas era quem mandava na datcha soviética, apesar do regime forçado de 1991, até hoje deve alguns de seus pneuzinhos àquele guloso repasto da Grande Guerra Patriótica, o único lugar do mundo onde a Segunda Guerra Mundial tem outro nome. Mesmo durante o caos da década de 1990, após o colapso soviético, o território russo não só conseguiu manter-se íntegro, aniquilando os separatistas das regiões periféricas como a Tchetchênia, mas também patrocinou irredentistas e títeres em territórios tão diversos quanto a Transnístria na Moldávia, Ossétia do Sul e Abcásia na Geórgia, e Artsaque na Armênia. O apoio a esses regimes rebeldes tem menos a ver com a defesa das minorias russas (nas repúblicas caucasianas, ínfimas) do que sabotar a existência dos países que escaparam à órbita de Moscou para, cedo ou tarde, trazê-los de volta à esfera de influência do Kremlin, quiçá reincoporá-los. É o que vemos agora no leste ucraniano com o reconhecimento unilateral das repúblicas de Donetsk e Luhansk.

Não existe Estado ingênuo (nem mesmo os mais miseráveis da África). Toda história do poder – isso incluiu o teu bom selvagem – tem manchas fedidas de violência, esbulho, exploração, xenofobia, jingoísmo, mentira e mitificação – algumas dessas manchas ainda estão bem frescas. Mas alcançamos já uma perspectiva histórica e civilizacional para observar a formação estatal criticamente e moderar a diplomacia. É possível estabelecer até princípios gerais, abstratos: um Estado desproporcional aos vizinhos, por sua mera existência, semeia ansiedade ao redor. À política exterior cabe sempre tentar morigerar tensões; qualquer gesto noutro sentido será invariavelmente lido com intenções agressivas, ainda mais onde o passado foi permeado de agressões.

A política externa russa é assinalada – traço estrutural – pelo exagero das intenções agressivas dos vizinhos e uma chocante desconsideração da própria agressividade, potencial e fática, presente e passada. Resolvido o problema geopolítico alemão no Götterdämmerung de 1945, a única ameaça crível desde então só pode partir da China (como se sabe, o confronto hipotético entre Estados Unidos e União Soviética redundaria na mútua aniquilação). Mas a China, como superpotência ascendente, não quer causar, por ora, rupturas na ordem internacional. Portanto, a Rússia tem tanta razão para se sentir ameaçada pela Ucrânia ou por quem quer que seja quanto o Brasil tem de ser invadido pelo Equador.

Além da neurótica paúra, a agressividade russa nunca foi mitigada pela leitura do passado tsarista e soviético na ótica colonialista. Europeus e americanos não só têm ciência clara, mas também consciência sinistra do passado imperial. Até historiadores com visões mais favoráveis sobre o legado colonial, como Niall Ferguson, não contornam as diversas formas de violência e discriminação. Diplomaticamente as antigas metrópoles procuram alguma cautela na relação com as ex-colônias e estas, quando convém, brandem os livros de história com meio de arrancar concessões. Na Rússia, a conquista de povos tão variados como os católicos poloneses, protestantes finlandeses, cristãos caucasianos, muçulmanos da Ásia Central, xamanistas da Sibéria não desperta o menor remorso, a menor dúvida quanto ao senso missionário russo.[3] Para citar o caso da Criméia que Putin insiste ser russa, em 1944 o que sobrou da população nativa, os tártaros, foram todos deportados e durante anos, proibidos de voltar. É essa inconsciência sonsa que permitu a Putin declarar a Ucrânia como Estado de mentirinha, outra criação russa. Imaginemos Macron dizendo que a Argélia é uma loucura, pois é uma criação francesa, ou Boris Johnson dizendo isto sobre a Índia ou a Nigéria ou mesmo sobre a Escócia. Às vezes, a melhor mentira é uma verdade por explicar.

O politicólogo tcheco Ivo D. Duchachek em Comparative Federalism observou o bizarro comportamento das nações africanas, asiáticas e mesmo americanas que conquistaram a independência durante as décadas de 1950 e 1960. Elas negavam-se a reconhecer a dominação colonial soviética sobre a Lituânia, a Letônia e a Estônia, três Estados bálticos surgidos após a Revolução Russa e anexados à força durante a Segunda Guerra. A negativa partia inclusive de governos terceiro-mundistas que se empenhavam no anticomunismo policialesco. Colonialismo de lourão sobre lourão não existe, deveria pensar a galera de Bandung (ah! o racismo é um patrimônio comum da Humanidade!).

Num sentido, a insegurança paranóica russa é a contraparte da segurança marrenta americana (Fortress America). Para além dos fatos geopolíticos, essa divergência tributa muito ao caráter autoritário da sociedade russa em cotejo com o liberalismo democrático americano. A Rússia foi ter parlamentarismo depois da América Latina e ficou atrás do próprio Império Turco-otomano! Salvo pelas deficiências técnicas de então, a Rússia oitocentista já era Estado policial. Por conseguinte, como costumeiro em sociedades autoritárias, a visão da restrita elite burocrática (que também, como costumeiro nesses casos, era também a elite econômica e social) acabava permeando as classes médias. E a visão de elites burocráticas costuma por óbvio ser estadólatra: importante é o Estado estar forte e ser respeitado na ordem internacional; o povo é questão menor – povo não tem ogiva nuclear. A atual cúpula dirigente russa, a começar pelo próprio Putin, é composta maciçamente por silovikí, gente vinculada aos serviços de inteligência. Até a oposição democrática é cheia de silovikí: Alexander Lebedev, um dos principais acionistas do jornal Novaya Gazeta, foi agente da KGB. Em certo sentido, a influência dos silovikí na mundivisão russa é hoje maior ainda do que nos tempos soviéticos. Em primeiro lugar, porque o Politiburo sempre desconfiou da KGB (entre as lideranças supremas, só Andropov fez carreira nos serviços de segurança). Em segundo lugar, porque os silovikí ascenderam durante a queda-livre do poderio russo, portanto propensos a contestar a ordem geopolítica global e mesmo a almejar restabelecer o status quo ante 1989. A reabilitação de Stalin nos últimos anos tem a ver menos com o seu rostinho de vovô bonzinho do que com a busca dum garoto-propaganda para o poder da Mãe Rússia – poderia ser Ivã o Terrível ou Pedro o Grande ou até Catarina Também a Grande, mas Stalin, além de mais recente, é universalmente conhecido. A necessidade de se mostrar poderoso aparece nos lugares mais insuspeitos – os constantes escândalos de dópim nos quais os atletas russos se veem metidos decorrem desse afã de mostrar ao mundo, inclusive na guerra esportiva, que se é fodão. A própria proganda putinista procura reforçar os estereótipos mais vulgares de poder, isto é, macheza: o saradão, o aventureiro, o pescador (lembra quem, ó brasileiro leitor?).

À estadolatria, juntam-se outros dois traços das sociedades autoritárias modernas, isto é, as que dispõem dessa combinação desastrosa que são meios de comunicação de massa e censura eficiente: a desinformação e o conspiracionismo, ambos potencializados pela mundivisão espiônica dos silovikí. Na Rússia, a culpa sempre foi dos outros. Se algo desandava, era sabotagem dos liberais, poloneses, judeus, anarquistas, ingleses, narodniki, comunistas, mencheviques, russos-brancos, cúlaques, ucranianos, trotskistas, imperialistas, nazifascistas, judeus de novo, espiões, americanos, Ocidente, Otan. Que outro país do mundo continua fazendo questão de envenenar seus inimigos exilados? Aquele livro fundacional do antissemitismo laico, Os Protocolos dos Sábios de Sião, anunciando a conspiração judaica para dominação global (depois virou judaico-bolchevique, judaico-maçônica, judaico-americana e o escambau), foi uma fabricação, talvez da polícia secreta tsarista para ajudar a canalizar o ódio popular contra os judeus em vez de ações políticas contra os Romanov. Seja como for, no médio prazo, fuziliram os Romanov e o antissemitismo enquistou-se. Parabéns, Okhrana! O nível de desinformação entre os russos, mesmo os escolados, é espantoso. Lembro-me duma bibliotecária de Volgogrado insistir que o Alasca ainda pertencia à Rússia e só estava emprestado aos americanos. Seria o mesmo que eu responder que o Uruguai ainda pertencia ao Brasil e só estava dando uma voltinha por aí.

Além de dinossauros liquefeitos e gaseificados, os principais produtos russos de exportação intelectual e ideológica são hoje o antiamericanismo e a memoriábilia soviética. Não há outras formas significativas de soft power: artes plásticas, música, cinema, ideologia, ciência, engenharia, técnica, moda, desaine.[4] Gênio nenhum resiste a décadas de censura, perseguição e academicismo – os brilhantes feitos intelectuais e artísticos russos foram extintos.

O antiamericanismo, essa doença infantil do esquerdismo, continua assolando o Jardim Escola V. I. Lênin.[5] Basta ler o Brasil 24/7 e o Rede Brasil Atual congraçando como nascimento da ordem multipolar uma violação territorial por um sujeito que é o Bolsonaro piorado à vigésima potência. Realmente a melhor forma dum autocrata ganhar respaldo na sedizente inteliguêntsia não é parar de prender jornalista, espancar opositor ou perseguir minorias – é largar discurseira contra o imperialismo ianque, o consenso de Washington, o fascismo liberal, a ordem global unipolar, a Otan. A terra sem males sonha-se com os acalantos de ordem e os olhos fechados para as maiores brutalidades. Aniquilada a ordem global capitaneada pelos Estados Unidos, de taturanas anti-imperialistas, os autocratas vão se metamorfosear em belas borboletas libertárias... Deve ser o tal movimento de síntese da tese com a antítese. A ampliação do campo de influência nas relações internacionais daqueles que defendem o autoritarismo, o jingoísmo, o militarismo, a censura, a homofobia, a desinformação e a cleptocracia fará bem ao planeta, como não?

Mas a caixinha de anti-americanismo é vendida com sachê aromatizante: a memorábilia soviética. O anti-americanismo é uma ideologia negativa enquanto a ideologia positiva que o Kremlin tem a oferecer é muito crua, não atrai a muitos, não tem a transcendência do comunismo, que, malgrado a prática, ao menos prometia conduzir a Humanidade para um lugar melhor. Tentar chapear a Rússia oligárquica com as cores soviéticas é, portanto, uma tapeação para atrair freguesia: continua-se vendendo autoritarismo, mas simula o autoritarismo de que o povo gosta. Daí a ênfase no inegável e heróico papel russo no combate ao nazismo, que permite uma trajetória histórica de colonialismo e de opressão hipostasiar-se em fanal da liberdade contra a pior das tiranias. É como se, por ter ajudado a Europa a se livrar do nazista, o mundo tivesse um débito perpétuo com a Rússia – ao menos, assim corre o subtexto. Parte da política externa russa passou a explicitamente a se valer desse argumento moral passado para justificar pretensões presentes nada morais: o colaboracionismo de setores ucranianos na Segunda Guerra é esfregado na cara de Kyiv a toda hora e, a modos de cartum de Latuff, o governo presidido pelo judeu Zelensky é tachado de nazista.

Como a Alemanha, a Rússia faria melhor abandonando delírios imperiais e integrando-se, paulatinamente, à ordem liberal européia, até porque a ascensão chinesa significa uma superpotência precisamente no flanco mais frágil. Infelizmente tenho às vezes a impressão de que a Rússia é um caso similar ao da Alemanha entre 1871 e 1945: não vai sossegar até levar um piau irrefragável. A grande diferença é que a Alemanha se tornou problemática graças a uma diplomacia errática, a uma ordem geopolítica que não soube acomodá-la como potência e a uma França hiper-sensível às suas muitas vulnerabilidades (Bismarck teve o bom-senso de evitar tensões apesar da barbeiragem de anexar a Alsácia-Lorena). A Rússia é problemática graças a uma diplomacia errática e ao desentendimento que tem de comer muito pão de centeio para voltar a ser uma potência. Além dos problemas institucionais, a Rússia tem grandes desafios demográficos, econômicos e ambientais.

Nada indica que a Rússia vá preferir tomar outra trilha que não seja a que aumente a todo o custo o poder estatal na ordem internacional. Putin parece que já transitou para uma região sinistra da psicologia do despotismo. A reunião com o Conselho de Segurança que, nesta segunda-feira, reconheceu as repúblicas separatistas foi coreografada num monumentalismo maníaco: de sua mesa, isolado, Putin encarava, muitas verstas além, os conselheiros apinhados do outro lado da colossal rotunda. Não havia nada proporcional na reunião, a começar pela gagueira e pelos tartamudeios dos conselheiros. Aqui parece que transplantaram Vyshinsk para a Neue Reichskanzelei. E a retórica do genocídio no Donbass ecoa, até os ouvidos dos amnésicos terminais, a justificativa hitleriana sobre seu direito aos Sudetos. A reação ocidental, agora como então, parece ser a de apaziguamento. Uma fratura radical na Otan é pouco provável, mas nevillechamberlianas indecisões são possíves tendo em conta certa simbiose econômica da Alemanha com a Rússia: a própria Angela Merkel manteve relações algo amistosas com Putin e ninguém menos que seu antecessor, Gerhard Schröder, é diretor da Rosneft, a Petrobrás russa. Os estados bálticos e a Polônia aumentarão a pressão por medidas mais enérgicas.

Quais desdobramentos imediatos podemos palpitar para o curto e médio prazos? No mais provável dos cenários, o campo autoritário expande-se com a satelitização da Ucrânia ou mesmo sua anexação. No pior, Putin não se satisfaz e tenta de fato recompor a esfera de influência soviética. Aí é guerra européia. E a Rússia perde. E o Brasil 24/7 ficará muito puto.


P. S.: Corri para terminar este texto, mas o merdelê já começou. É bola rolando em mais um mata-mata na Eurocopa.

[1] MACKINDER, Halford J. Democratic Ideals and Reality: a study in the politics of reconstruction. Nova York: Henry Holt and Co., 1950 [1919], p. 151.

[2] KISSINGER, Henry, Diplomacy. Nova York: Simon & Schuster, 1994, p. 173.

[3] Posso ilustrar por uma anedota a persistência do sentimento absurdo de que as repúblicas ex-soviéticas devem muita coisa à Rússia. Lembro-me do desprezo duma professora siberiana (em todos os aspectos) quando o ditador cazaque decidiu mudar o alfabeto do cirílico para o latino: - Fomos nós que demos o alfabeto para eles!

[4] NYE, Joseph S. Is the American Century Over? Cambridge: Polity, 2015, p. 33-34.

[5] Meio peripatético como os textos deste Lesma no Saleiro, mas que traz questões interessantes é o seguinte ensaio: REVEL, Jean-François. L’Obsession Anti-américaine: ses fonctionnement, ses causes, ses inconséquences. Paris: Plon, 2002.

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